domingo, 8 de junho de 2008

VICENTÔNIO REGIS


Vicentônio Régis, mestrando em História Política pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), é tradutor e escritor. Como contista, participou de antologias publicadas por editoras cariocas e paulistas. Como cronista e crítico literário, assina a coluna “Literatura”, publicada semanalmente no “Jornal de Assis” (Assis – SP). Participa de palestras, conferências e mesas-redondas nos estados de São Paulo e Paraná.. Concedeu esta entrevista ao blog Sociedade Mutuante na data de 15/05/2008.


QUAL VERTENTE ARTÍSTICA SEGUE? ALÉM DESTE SEGMENTO, HÁ OUTRAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS QUE GOSTARIA DE EXPERIMENTAR?
Aposto na Literatura. Uso o verbo “apostar” porque assim como a música, a pintura, a escultura, o cinema, o teatro ou a dança, a Literatura é sempre uma aposta. Nunca sabemos se vai dar certo, mas não abrimos mão de sonhar e tentar atingir nossas metas. Fiquei na Literatura. Nunca quis enveredar por outros caminhos. Literatura é tudo!


POSSUI TRABALHOS PUBLICADOS? QUAIS?
Participei da seletiva Contos Fantásticos, antologia de contos publicada pela Câmara Brasileira do Jovem Escritor, e agora estou aguardando a publicação de uma crônica na antologia Elo de Palavra, que será lançada pela editora Scortecci na Bienal do Livro de São Paulo. Além disso, semanalmente publico crônicas e críticas literárias no Jornal de Assis, periódico da cidade de Assis, interior paulista.


QUANDO COMEÇOU A SE ENVOLVER COM ARTE?
Desde os doze anos eu queria ser como meu pai. Meu pai sempre leu muito, entendia de tudo e falava sobre tudo, mas as leituras dele se concentravam em psicologia e ciências políticas. O primeiro livro que li conscientemente foi “O Príncipe” de Maquiavel. Depois, fui lendo um pouco de relatos de psicologia, de história, me aprofundei um pouco em ciências políticas, introduzi-me superficialmente na filosofia, porém, quando descobri a Literatura, não queria mais nada. Com todo respeito aos demais seguidores de outras artes, mas a partir da leitura Literária descobri que não houve, não há e nunca existirá ciência, teoria de conhecimento ou manifestação artística que se aproxime, se iguale e muito menos que ultrapasse a magnificência, a magnitude e o transcendentalismo da Literatura. A vida sem Literatura é incompleta!


PODERIA RELATAR DE FORMA SIMPLIFICADA UM DIVISOR DE ÁGUAS EM SUA CARREIRA?
Quis ser escritor desde a adolescência. Publiquei alguns artigos em jornais pequenos. Depois passei a escrever irregularmente no Jornal de Assis. Na verdade, eu ficava me perguntando como eu poderia escrever crônica, contos, novelas ou romances se já tínhamos escritores como Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, Autran Dourado, Moacyr Scliar, Luiz Antônio de Assis, para ficar apenas com alguns contemporâneos. Achava que minha contribuição seria desnecessária, assim como a contribuição de qualquer outro escritor iniciante. Aí, li “Cultura Letrada – Literatura e Leitura”, de Márcia Abreu, publicado por uma coleção da editora Unesp.
Depois desse livro, passei a refletir e a escrever mais. Afinal, escrever algo de qualidade é algo muito relativo. Isso já nos dizia Montaigne.


INFLUÊNCIAS E/OU PREDILEÇÕES?
São muitas as influências. Bem ou mal, li – e continuo lendo, procurando, pesquisando – o cânone literário universal. Devo ressaltar que tenho uma inclinação pela literatura brasileira produzida no Rio Grande do Sul – destacando-se a obra dos escritores Luiz Antônio de Assis Brasil e Josué Guimarães – e pela Literatura Fantástica.


UM MOMENTO MARCANTE EM SUA TRAJETÓRIA?
Diferente de um cantor, um ator ou um jogador de futebol que, em alguns casos, têm ascensão quase que instantânea, o escritor demora mais para ser reconhecido. Isso pode levar anos, décadas. Colaboro no “Jornal de Assis” há mais ou menos um ano e meio. Sempre tive a impressão de que ninguém me lia. Um ou outro leitor – geralmente leitores profissionais e profissionais da área de Literatura – me escrevia concordando, discordando ou simplesmente apresentando seu ponto de vista sobre o que escrevi. Apesar desse contato, acho que descobri que era lido por outras pessoas quando publiquei a crônica “Aprendizagens”, dedicada ao meu pai. Algumas pessoas pararam-me na rua. Um filho, que estava brigado com o pai há mais de dez anos, me escreveu, dizendo que estava viajando para rever o pai e apresentar-lhe as netas. Até mesmo uma pessoa, praticamente um adversário ideológico com quem eu não falava, gritou, chamou minha atenção, atravessou a rua e fez questão de, em alto e bom senso, me parabenizar pela crônica que escrevera sobre meu pai. A partir daí, percebi que as pessoas lêem o que escrevemos, mas nem sempre dão algum retorno.


QUAL É A SUA FORMAÇÃO? EM QUE MEDIDA ESTA INFLUENCIOU SUA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA?
Graduei-me em Direito, transitei para a História – estou concluindo o mestrado em história política na Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Assis (SP). Sempre gostei de História e resolvi pesquisar as cartas do jurista Clóvis Bevilaqua – autor do nosso primeiro código civil, publicado em 1916. A História serviu de base para discutir as confluências e antagonismos entre História e Literatura e despertou-me a curiosidade sobre o romance histórico, cujo principal nome na atualidade é Luiz Antônio de Assis Brasil.


COMO É A SUA RELAÇÃO COM OS LEITORES DE SUA COLUNA DO “JORNAL DE ASSIS”? COMO ESTES RESPONDEM À SUA COLUNA?
A coluna “Literatura” é publicada toda quinta-feira. Nela intercalo críticas literárias e crônicas. Acredito que ela seja bem aceita. Pela quantidade de mensagens eletrônicas recebidas, chego a conclusão de que temos duas categorias de leitores da coluna. Uma categoria composta de leitores profissionais (que são leitores freqüentes de literatura e de livros em geral, que têm algum senso crítico e questionam metodicamente o que lê). Essa categoria é composta basicamente de professores universitários – aposentados e na ativa – e profissionais liberais, além daqueles que gostam de Literatura de maneira ampla. Já a outra categoria é composta de pessoas diversificadas que, acredito, não gostem de ler crítica literária, mas são receptivas às crônicas. Os leitores de crítica literária são mais exigentes e não se importam de escrever claramente sobre o que discordam. Os leitores que ficam apenas nas crônicas, geralmente escrevem elogios sobre os textos pitorescos. Acredito que a relação mantida tanto entre os leitores profissionais quanto os leitores em geral é proveitosa, pois sempre traz algum aprendizado.


QUAIS SÃO OS SEUS PLANOS FUTUROS?
Os planos para o futuro imediato são práticos: concluir o mestrado e a tradução de um livro, participar de antologias de contos e crônicas, continuar escrevendo crônicas e críticas literárias no “Jornal de Assis”, colaborar em periódicos especializados em Literatura, publicar alguns artigos científicos e escrever um livro infanto-juvenil.

6 comentários:

Anônimo disse...

leio o trabalho do crítico literário vicentonio no jornal de assis, realmente é muito bom. Muito boa a entrevista. Parabéns.

Anônimo disse...

Excelente entrevista a do crítico literário vicentônio. Uma das melhores e mais lúcidas que li nos últimos tempos. Quando teremos outras?
Cristiane Verli

Sociedade Mutuante disse...

Olá, Cristiane!
Obrigado pela participação. Já colocamos mais uma entrevista no ar, do ator e escritor André Bonfim. Aos poucos, vamos postando outros autores aqui...

Grande abraço e volte sempre!

Sociedade Mutuante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

OI.
Uma amiga me disse da entrevista do crítico literário Vicentônio Regis e eu não poderia deixar de conferir. Excelente texto. Parabéns!
Leo Cantara

Anônimo disse...

Vicentônio, quero Parabenizá-lo pelos magníficos trabalhos que vem desenvolvendo. Não poderia deixar de citar a excelentíssima crônica "COCA-COLA" publicada pela Câmara Brasileira do Jovem escritor, nela viajamos no mundo da imaginação.(hilário)
Acompanho sua coluna de literatura no Jornal de Assis. Acredito que pussui grande simpatia pelos escritores gaúchos, e em suas crônicas e contos encontramos um pouco de Josué Guimarães e Dalton Trevisan.
PARABÉNS - SUCESSO