Diovvani Mendonça tem 45 anos. Autorizou esta entrevista ao blog Sociedade Mutuante em 14/05/2009.
QUAL VERTENTE ARTÍSTICA SEGUE? ALÉM DESTE SEGMENTO, HÁ OUTRAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS QUE GOSTARIA DE EXPERIMENTAR?
Conscientemente não sigo nenhuma. Velejo em muitas águas: das doces às salgadas, mesmo sabendo que minha bússola é desorientada de nascença e aponta em várias direções ao mesmo tempo. Quando as possibilidades se bifurcam, escolho uma que dá na minha cabeça, na hora, e por ela corro todos os riscos até o fim. Nunca tive norte, nem rumo certo na vida. Seja no que for, comigo quase tudo acontece na base da intuição e sem planejamento prévio. Estou nesse lance do fazer poético pelo prazer, pela brincadeira, sem nenhum outro tipo de pretensão. Minha vertente? É a que pintar pela frente / sem aviso e feito serpente / dou o bote / torço o mote / no repente. Através de leituras procuro expandir os horizontes de minhas variadas limitações. Gosto de experimentar tudo, que convide meus sentidos à celebração da vida. Se durante o experimento a água correr pra baixo, pra cima ou ficar parada: pra mim não interessa, não faz diferença – sei que sempre darei um jeito de navegar. Assim quero seguir a vida, regurgitando o que está à minha volta, e às vezes traduzindo isso em versinhos rimadinhos (ou não), poemas, poeminhas, poemões e frasezinhas com defeito, sem me preocupar com o estudo sério dessa ou daquela vertente. Aliás, não me levo a sério. Meu fôlego é curto para grandes mergulhos. Optei por vivenciar o simples. Não tenho competência, nem queda, para investigar microorganismos em águas profundas. Gosto de nadar é no raso e a pleno sol. Preguiça mental? Sei lá. Vai saber. Vivo à poesia, e não da poesia.
QUAL VERTENTE ARTÍSTICA SEGUE? ALÉM DESTE SEGMENTO, HÁ OUTRAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS QUE GOSTARIA DE EXPERIMENTAR?
Conscientemente não sigo nenhuma. Velejo em muitas águas: das doces às salgadas, mesmo sabendo que minha bússola é desorientada de nascença e aponta em várias direções ao mesmo tempo. Quando as possibilidades se bifurcam, escolho uma que dá na minha cabeça, na hora, e por ela corro todos os riscos até o fim. Nunca tive norte, nem rumo certo na vida. Seja no que for, comigo quase tudo acontece na base da intuição e sem planejamento prévio. Estou nesse lance do fazer poético pelo prazer, pela brincadeira, sem nenhum outro tipo de pretensão. Minha vertente? É a que pintar pela frente / sem aviso e feito serpente / dou o bote / torço o mote / no repente. Através de leituras procuro expandir os horizontes de minhas variadas limitações. Gosto de experimentar tudo, que convide meus sentidos à celebração da vida. Se durante o experimento a água correr pra baixo, pra cima ou ficar parada: pra mim não interessa, não faz diferença – sei que sempre darei um jeito de navegar. Assim quero seguir a vida, regurgitando o que está à minha volta, e às vezes traduzindo isso em versinhos rimadinhos (ou não), poemas, poeminhas, poemões e frasezinhas com defeito, sem me preocupar com o estudo sério dessa ou daquela vertente. Aliás, não me levo a sério. Meu fôlego é curto para grandes mergulhos. Optei por vivenciar o simples. Não tenho competência, nem queda, para investigar microorganismos em águas profundas. Gosto de nadar é no raso e a pleno sol. Preguiça mental? Sei lá. Vai saber. Vivo à poesia, e não da poesia.
POSSUI TRABALHOS PUBLICADOS? QUAIS?
Poesia
* Trilhas - coletânea de autores blogueiros (poesia) / 2007 – 4 poemas * Revista Eletrônica Diversos Afins - 14ª leva / Out/2007 – 1 poema
* ARTE EM MOVIMENTO - Mostra de talentos de Contagem / catálogo 2007 - 2008 – 1 poema.
* Pontos Cardeais (poesia) Encontro Literário / 2008 – 1 poema.
* “Pão e Poesia” (poesia) / 2008-2009 – 1 poema.
* Ziar (poesia) / 2008 (emb.1kg com o poema Ziar p/distribuição de sementes de Moringa)
* ME Especial nº 71 (poesia) / ano 18, 3º semestre / 2008.
* Antologia Folhas Verdes (edições Tela e Texto, Org. Lucas Maroca, Rejane H.C. Lage Neves e Maria Antonieta Pereira, FALE/UFMG, BH, MG, 2008) – 1 poema.
Música
* CD Mandala Sonora – quando um pássaro de fogo te traz no sol da meia-noite uma
Música
* CD Mandala Sonora – quando um pássaro de fogo te traz no sol da meia-noite uma
lembrança / 2002.
Gravações por outros intérpretes
* Cláudio Carvalho – CD 20 anos na estrada – 05 faixas / 2008.
* Cláudio Carvalho – CD Esse é o Cara - 02 faixas / 2007.
* Luis Gaspar (Portugal) – Programa Lugar aos Outros nº 13 – 01 poema / 2006
* Cláudio Carvalho – CD Mente Sã – 07 faixas / 2002
* Cláudio Carvalho – VINIL Outras Claves – 02 faixas / 1990
* Soninha Moreira – VINIL Feminino em Canto – 05 faixas / 1989.
Gravações por outros intérpretes
* Cláudio Carvalho – CD 20 anos na estrada – 05 faixas / 2008.
* Cláudio Carvalho – CD Esse é o Cara - 02 faixas / 2007.
* Luis Gaspar (Portugal) – Programa Lugar aos Outros nº 13 – 01 poema / 2006
* Cláudio Carvalho – CD Mente Sã – 07 faixas / 2002
* Cláudio Carvalho – VINIL Outras Claves – 02 faixas / 1990
* Soninha Moreira – VINIL Feminino em Canto – 05 faixas / 1989.
QUANDO COMEÇOU A SE ENVOLVER COM ARTE?
“... Calça nova de riscado / paletó de linho branco / que até o mês passado / lá no campo ainda era flor / sob o meu chapéu quebrado / um sorriso ingênuo e franco / de um rapaz novo encantado / com vinte anos de amor...”. Mucuripe (Fagner / Belchior), essa música foi a responsável. Ou melhor, a letra dessa música. Normalmente eu não prestava atenção nas letras das músicas - curtia mais o embalo, a batida, e eis que num dia da minha adolescência caí no laço poético das linhas de Mucuripe. Não sei explicar, mas fui quase que literalmente laçado pelas linhas de Fagner e Belchior. Lembro-me como se fosse hoje... Minha mãe me chamava repetidas vezes da cozinha: “Diovvani, vem almoçar. Menino, vem almoçar, porque não vou chamar outra vez!”. Eu não ouvia o chamado dela, nada (...) de repente, uma tampa de panela caiu no chão da cozinha – aí, voltei a fita da memória e comecei a ouvir, ao longe, a voz de minha mãe me chamando dos cafundós da realidade. De tão concentrado que eu fiquei naqueles versos, não ouvia o chamado dela pro almoço.
A partir desse contato com a poesia da letra de Mucuripe, passei a prestar mais atenção não nos cantores das músicas, mas nas letras de Fernando Brant, Cacaso, Wally Salomão, Torquato Neto, Murilo Antunes, Márcio Borges, Ronaldo Bastos e toda a turma do Clube da Esquina. Nessa época eu era office boy e andava muito a pé, para economizar o dinheiro das passagens e comprar livros de poesia (confesso: também para jogar totó e fliperama na rua Tupis) nos sebos do edifício Maleta. Foi num desses sebos, que comprei um livro (calhamaço) da FUNARTE, sobre a chamada Poesia Marginal. Pirei com poemas de Ana Cristina César, Bernardo Vilhena, Chacal, Nicolas Behr, entre outros. Até hoje tenho o livro Camarim de prisioneiro, do Alex Polari, que comprei na Livraria Amadeu. O Alex ficou preso na época da ditadura e hoje é um dos líderes do Santo Daime. Ainda nesse tempo, tive acesso ao livro Eu, de Augusto dos Anjos, e Notas de um velho safado, do Bukowski. Depois vieram Drummond, Murilo Mendes, Manoel Bandeira, Cecília Meireles e Maiakóviski. Nos anos 1980, eu comprava os jornais Nossa Música e Arte Quintal e ficava por dentro do que acontecia na área cultural de BH. Fui a quase todos os shows de música instrumental de Marco Antônio Araújo e Uakti – ainda hoje, conservo quase 1000 discos de vinil – entre eles a coleção completa do Marco Antônio Araújo. Fui “piolho” do projeto Fim de Tarde, que acontecia no subsolo do Palácio das Artes. Foi lá que conheci a cantora Titane, que por sinal até hoje vem trazendo à tona novos compositores e realizando trabalhos dignos de serem mais divulgados. Após embaralhar esses acordes e versos na minha cabeça, foi que comecei a compor, participar de festivais de música e me interessar por poesia. Em 1993 ganhei o primeiro lugar num concurso de poesias, que foi realizado no Barreiro. Além da premiação, um dos jurados me presenteou com o livro recém lançado Águas Selvagens, do Wilmar Silva. Foi como se ele me dissesse “toma aqui, vê se aprende!”.
Do Augusto dos Anjos, musiquei o soneto “O Lamento das Coisas”, que está no meu primeiro CD Mandala Sonora.
Com meu parceiro Cláudio Carvalho, venci vários festivais de música em Minas Gerais – entre eles o festival da Fiat Automóveis, realizado em 1986. Essa parceria rendeu também várias músicas que foram gravadas pela cantora Soninha Moreira, em 1989. Sou do tempo do vinil!!!
PODERIA RELATAR DE FORMA SIMPLIFICADA UM DIVISOR DE ÁGUAS EM SUA CARREIRA?
Quatro divisores:
1º) O som da tampa da panela de minha mãe caindo no chão.
2º) Quando em 2005 passei a escrever poemas e publicar no “Poeminhas para matar o tempo e distrair dor de dente” - www.diovmendonca.blogspot.com.
3º) Criação da Árvore dos Poemas
4º) Projeto Pão e Poesia.
Quatro divisores:
1º) O som da tampa da panela de minha mãe caindo no chão.
2º) Quando em 2005 passei a escrever poemas e publicar no “Poeminhas para matar o tempo e distrair dor de dente” - www.diovmendonca.blogspot.com.
3º) Criação da Árvore dos Poemas
4º) Projeto Pão e Poesia.
INFLUÊNCIAS E/OU PREDILEÇÕES?
Diversas.
UM MOMENTO MARCANTE EM SUA TRAJETÓRIA?
A realização dos projetos “Pão e Poesia” e “Pão e Poesia na Escola”.
A realização dos projetos “Pão e Poesia” e “Pão e Poesia na Escola”.
QUAL É A SUA FORMAÇÃO? EM QUE MEDIDA ESTA INFLUENCIOU SUA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA?
Não tenho formação acadêmica.
Não tenho formação acadêmica.
COMO SURGIU A IDÉIA DO PROJETO “PÃO E POESIA”? QUAL É A PROPOSTA DESTE PROJETO E DE SUA RAMIFICAÇÃO, O “PÃO E POESIA NA ESCOLA”?
Meu amigo Renan tem uma empresa, a MIXPAN, que comercializa produtos para a área de panificação. Lembro que num sábado o encontrei num boteco, em Caracóis (bairro de Esmeraldas - MG), e entre um tira-gosto, uma cerveja e outra, e a fala de alguns poemas, conversei com ele sobre essa idéia de imprimir poemas nas embalagens de pão. Ele topou na hora. A princípio, ele comercializaria essas embalagens com poemas meus, mas achei que seria muita tortura para o povo 200/300mil embalagens só com poemas de minha autoria. Então, resolvi colocar na internet e abrir pra todo mundo – recebemos inscrições de quase todos os estados do Brasil e também de Portugal e Itália. Quando entreguei ao Renan o projeto finalizado, ele procurou a Casa Sol, que fabrica esse tipo de embalagem. Ao apresentar o projeto à Rita e o Alexandre, que são irmãos e donos da Casa Sol, eles por sua vez, convidaram as empresas Irani, Simon e Studio A4 para participarem do projeto, como patrocinadores. Resumindo: todos se doaram para que o projeto fosse realizado e o Renan, que a princípio comercializaria as embalagens, fez a distribuição totalmente gratuita às padarias da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A proposta é facilitar o acesso das pessoas aos poemas, que geralmente ficam aprisionados dentro dos livros e sendo apreciados apenas pelos entendidos. A idéia é popularizar mesmo. Criar novos públicos e não apenas ficar reclamando que a poesia não tem espaço e tal. Costumo dizer que, se me convidam para ocupar um determinado espaço, eu ocupo com prazer. Mas, se não me convidam, dou um jeito e invento um ou vários.
O “Pão e Poesia na Escola”, na verdade, é uma exposição itinerante de todas as embalagens, com poemas diferentes no verso das mesmas. Como a frente da embalagem é única, onde homenageamos o poeta André Carneiro e o artista plástico Guido Boletti, fiz dela um banner, que segue para a mostra junto com as 26 embalagens (plastificadas) com versos diferentes. A exposição fica 30 dias em cada escola, para que os professores possam promover atividades poéticas envolvendo várias turmas de alunos. Quando vou às escolas, apresento o projeto, distribuo embalagens, sementes de moringa e faço uma apresentação de poemas meus e de outros poetas do projeto. A experiência é muito gratificante. Recebo várias cartas e e-mails dos alunos.
Estive com o “Pão e Poesia na Escola” em várias escolas das cidades de Betim, Contagem, Esmeraldas, Lagoa Santa e na Escola Mutirão, em Cotia - SP. Para mim, 2008, foi uma verdadeira maratona poética.
Meu amigo Renan tem uma empresa, a MIXPAN, que comercializa produtos para a área de panificação. Lembro que num sábado o encontrei num boteco, em Caracóis (bairro de Esmeraldas - MG), e entre um tira-gosto, uma cerveja e outra, e a fala de alguns poemas, conversei com ele sobre essa idéia de imprimir poemas nas embalagens de pão. Ele topou na hora. A princípio, ele comercializaria essas embalagens com poemas meus, mas achei que seria muita tortura para o povo 200/300mil embalagens só com poemas de minha autoria. Então, resolvi colocar na internet e abrir pra todo mundo – recebemos inscrições de quase todos os estados do Brasil e também de Portugal e Itália. Quando entreguei ao Renan o projeto finalizado, ele procurou a Casa Sol, que fabrica esse tipo de embalagem. Ao apresentar o projeto à Rita e o Alexandre, que são irmãos e donos da Casa Sol, eles por sua vez, convidaram as empresas Irani, Simon e Studio A4 para participarem do projeto, como patrocinadores. Resumindo: todos se doaram para que o projeto fosse realizado e o Renan, que a princípio comercializaria as embalagens, fez a distribuição totalmente gratuita às padarias da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A proposta é facilitar o acesso das pessoas aos poemas, que geralmente ficam aprisionados dentro dos livros e sendo apreciados apenas pelos entendidos. A idéia é popularizar mesmo. Criar novos públicos e não apenas ficar reclamando que a poesia não tem espaço e tal. Costumo dizer que, se me convidam para ocupar um determinado espaço, eu ocupo com prazer. Mas, se não me convidam, dou um jeito e invento um ou vários.
O “Pão e Poesia na Escola”, na verdade, é uma exposição itinerante de todas as embalagens, com poemas diferentes no verso das mesmas. Como a frente da embalagem é única, onde homenageamos o poeta André Carneiro e o artista plástico Guido Boletti, fiz dela um banner, que segue para a mostra junto com as 26 embalagens (plastificadas) com versos diferentes. A exposição fica 30 dias em cada escola, para que os professores possam promover atividades poéticas envolvendo várias turmas de alunos. Quando vou às escolas, apresento o projeto, distribuo embalagens, sementes de moringa e faço uma apresentação de poemas meus e de outros poetas do projeto. A experiência é muito gratificante. Recebo várias cartas e e-mails dos alunos.
Estive com o “Pão e Poesia na Escola” em várias escolas das cidades de Betim, Contagem, Esmeraldas, Lagoa Santa e na Escola Mutirão, em Cotia - SP. Para mim, 2008, foi uma verdadeira maratona poética.
COMO FOI A RECEPÇÃO DO PROJETO “VIVA POESIA, POESIA VIVA”?
Muito bacana. Abaixo um link para quem quiser conferir:
http://diovmendonca.blogspot.com/2008_09_01_archive.html
QUAIS SÃO OS SEUS PLANOS FUTUROS?
Promover a segunda edição do projeto Pão e Poesia, que em 2009, foi aprovado na Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Estou na fase de captação de recursos. No mais, é seguir buscando parceiros e formas para viabilizar o parto de outros projetos que tenho na cabeça. Independente de leis de incentivo à cultura, conforme ocorreu com todas as iniciativas que realizei até o momento.
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